PARTE 1: Os relatos sobre Berimbau e a Rua Nova da Volta
Saber da história de um local é muito mais do que ir em fontes de internet, livros e enciclopédias, é buscar as narrativas daqueles que viveram e vivenciaram o local.
A humanidade inicialmente tem sua história marcada pelas narrativas, para somente muito tempo depois a escrita ser parte fundamental da sociedade e peça essencial para a documentação dos fatos.
Logo de início durante a conversa a respeito das lembranças vividas em Berimbau, foi relatado por Genoveva Silva que a minha Bisavó, Joventina da Silva
nasceu em uma fazenda, chamada Fazenda de Amabilha, e de acordo com ela essas terras pertenciam ao município de Coração de Maria, em contraponto, Maria das Graças afirmou que as terras eram sim pertencentes a Berimbau. De acordo com as narrativas, essa fazenda ficava próximo ao Rio Pojuca e o rio dividia em certo trecho as terras dos dois municípios, o que acaba por causar as divergências de informações.
A chegada na Rua Nova da Volta ocorreu quando Genoveva Silva tinha por volta de 2 anos, a rua era uma estrada de mata fechada, com poucas casas. Assim também era a pista principal que levava ao centro da cidade: poucas casas, mata fechada e como dito popularmente 'estrada de chão'.
A respeito das famílias consideradas importantes da cidade e citadas em postagem anterior, ambas disseram que essas famílias tinham influência no centro da cidade e que assim eram consideradas devido as posses que tinham e ao status de descendência européia, no entanto, na região fora do centro da cidade, que abrangia a Rua Nova da Volta e outras ruas anteriores ao centro na verdade tinham como família importante a Família Pinto, que será citada mais a frente por outra entrevistada.
Durante a conversa, José Bacelar também deu as suas contribuições a respeito da memória de como era todo o contexto do local na sua juventude, quando saiu
de Salvador para ir morar em Berimbau com a minha bisavó Joventina. Narrou que ainda conheceu a Rua Nova da Volta com terra de chão batido, poucas casa e mata fechada, além de relatar que nos dias de feira (às terças), passava pela rua uma boiada que eram de produtores locais.
De volta as memórias relatadas por Genoveva e Maria das Graças, Tucides de Morais, também relatado em publicação anterior, era sim muito conhecido do município, mas não era conhecido por esse nome, no entanto elas não recordaram o apelido que lhe foi destinado. José Bacelar relatou durante esse momento que muitas pessoas que nas fontes da internet são consideradas influentes, na verdade não eram verdadeiramente as mais conhecidas, pois existiam outras figuras locais que eram verdadeiramente consideradas famosas, seja por ter uma venda, ou prestar algum serviço a comunidade local.
Genoveva recordou de uma fonte existente em Berimbau; uma fonte histórica construída por Euzinho Freitas, que abastecia toda a cidade, onde muitas pessoas iam encher seus baldes e levar para suas casas. O fumo, mandioca e feijão eram os principais cultivos da cidade de acordo Maria das Graças, sendo que o fumo era produzido para comercialização nos armazéns de Pedro Marçal e Sr. Herminte e demais cultivos eram agricultura de subsistência; a economia girava em torno desses produtos. Ainda falando sobre a produção local, quando abria o armazém para venda dos fumos, as ruas enchiam de mulheres que iam para enrolar o fumo e isso era um fato marcante da época devido ao grande número de mulheres que iam realizar esse trabalho.
A BR 101 foi algo que de acordo com Genoveva foi muito recente, fato confirmado por José Bacelar que quando jovem alcançou o período da não existência dessa via. Ela relata que para ir de Berimbau a Salvador levava um dia
e o percurso era feito através do que antes se chamava estrada, por não ser asfaltado. Primeiramente ia de animal para Santo Amaro, para de lá pegar o vapor para chegar em Salvador. Essas idas a Salvador eram feitas em transportes chamados Marinetes (tinham a frente parecidos com caminhões e o fundo parecidos com ônibus).
Genoveva recordou de uma fonte existente em Berimbau; uma fonte histórica construída por Euzinho Freitas, que abastecia toda a cidade, onde muitas pessoas iam encher seus baldes e levar para suas casas. O fumo, mandioca e feijão eram os principais cultivos da cidade de acordo Maria das Graças, sendo que o fumo era produzido para comercialização nos armazéns de Pedro Marçal e Sr. Herminte e demais cultivos eram agricultura de subsistência; a economia girava em torno desses produtos. Ainda falando sobre a produção local, quando abria o armazém para venda dos fumos, as ruas enchiam de mulheres que iam para enrolar o fumo e isso era um fato marcante da época devido ao grande número de mulheres que iam realizar esse trabalho.
A BR 101 foi algo que de acordo com Genoveva foi muito recente, fato confirmado por José Bacelar que quando jovem alcançou o período da não existência dessa via. Ela relata que para ir de Berimbau a Salvador levava um dia
e o percurso era feito através do que antes se chamava estrada, por não ser asfaltado. Primeiramente ia de animal para Santo Amaro, para de lá pegar o vapor para chegar em Salvador. Essas idas a Salvador eram feitas em transportes chamados Marinetes (tinham a frente parecidos com caminhões e o fundo parecidos com ônibus).
Texto muito bem construído e com uma riqueza de detalhes que só quem viveu a história pode contar. Um documento indispensavel sobre essa cidade
ResponderExcluirOlha só como as memórias afetivas são bem presentes na gente. Adorei.
ResponderExcluirMuito bom conhecer a história e a cultura de um lugar através de relatos de pessoas que lá viveram
ResponderExcluirTexto, muito rico, cheio de detalhes. Lendo o mesmo me vi dentro do cenário narrado.
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